sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Acuso-te, o sujeito indefinido em género e número!

Não há,em ti,
nada d´original
és a cópia que tudo copia
infeliz rato d´enciclopédia
almejas ser anjo
e és
caído
pardo, leque,
abre,fecha,fecha,abre
tons de cinza
qual é a tua cor?
imitas a cidade
os anjos e os acidentes?
toma cuidado com a tua bicicleta!
a roda...
a roda...
a invenção das invenções
sempre foste guiado
conduzido
será que estás disposto
a aprender?
sabes pedalar?
pedal
ar
a roda...
a roda...
toma cuidado com ela
a invenção
pode salvar-te
sê original
inventa
a cópia
a perfeita
o fogo
nasceu da pedra
invenção rotativa
roda,roda,roda viva,
o copia cópias
não vive
é falsário
da corrente e dos pés
ilude as mãos
sem travões

a queda?
quem vive na cave
pode baixar-se mais?


RaquelCasteloBrum

Não sou tua,sou nua

se de frio, o mais gélido d´arrepio,
eu me vestisse, tu morrerias à porta
d´enfeite enganador como cinzas rodopiando
no longo glaciar siberiano
mas sou alma temperada em corpo fervente
sou o inverso do teu chapéu de três pontas
és maschera nobile de rastos nas alas palacianas
és desfile d´Os Antigos e d´Os Ardentes
a transbordar nas ruas venezianas
morres no festejo
da mentira com que não me enganas

RaquelCasteloBrum

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Balada do escreve(perdão, Augusto Gil!)

escreve

escreve

neve

neve

escreve

pesado

pesado

errado

errado

pesado

já pesaste hoje

a neve que escreve?

quanto pesa o errado?

é leve como a balada

errada?

é neve como a tua alma gelada?

vá lá... calibra o fiel

equilibra os pratos

se a justiça fosse justa

se a dama com os olhos vendados

fosse equilibrada

o teu pesado

malvado

seria condenado

à neve

que escreve


RaquelCasteloBrum

Sub-solo

miro de soslaio a cama

lençóis que eu lancei no fogo

queimados na noite das bruxas

assassinam-me os sonhos

assaltam-me o descanso

possuem-me nesta permanente vigília

tenho nojo desta minha raiz

que acolheu o teu caule

quando o sono beijar as minhas chagas

erguer-te-ei uma cave de delírios

para que jamais sossegues

para que encontres

a esquina de todas as outras

espetada na volúpia dos dentes

que de ti se riem

em câmara ardente


RaquelCasteloBrum