sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Indigente de Sentimentos

Sim,
eu vomito no prato que comi!
Acaso não me enganastes
sobre tua procedência?
Com tua maledicência?
És tão falso, puro ouro de tolo,
e eu me rio dos teus truques.
Quero que pegues tua loucura
e esta tristeza inventada,
descarada e mal trabalhada,
que me rondam noite e dia,
feito cão viralata,
e de mim, afasta-te!
Não és digno
nem da ponta do meu cigarro,
amassada pelo meu salto,
alto demais
para a tua pequenez!

RaquelCasteloBrum

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Este percurso com que eu te cego

És
uma vez
duas
três
nas demais
ensinaram-me
a movimentar
o corpo
a abrir as pernas
com a mente aberta
meu movimento certo
repara que eu sei dançar
mas não sou a tua dança
se tivesses pénis nos olhos
de há muito que eu
padeceria das chagas
daquelas a quem tudo pagas
Deus é grande
fez- mulher
tenho olhos para não te ver
discernimento para não te enxergar
nem penses em voltar!
és
uma vez
duas
três
com as outras
ou até mais
em monólogos sexuais



 Fala Sério, né?



RaquelCasteloBrum

Melhor do Pior

Tem coisa pior do que acordar de um sonho maravilhoso por conta do mau gosto musical da sua vizinha? Fala sério, né? O dia poderia começar muito bem se ela e o mau gosto garabulhento dela não morassem aqui ao lado, mas, passemos adiante... Fui para a sala irritada e liguei a tv, ora bolas, não podia ser pior! Como Diz a Lei de Murphy  se alguma coisa pode dar errado, dará. E deu! Meus olhos sonolentos não conseguiam compreender os tons enegrecidos das notícias: desabou isso, encheu acolá, mataram um sujeito injustamente (novidade), sequestraram A, enforcaram B, a crise assola a Europa, etc, etc, etc... Aquilo foi me deprimindo e lembrei-me que ainda não havia tomado o meu antidepressivo. Pois é, depois meu médico diz que preciso serenar, esquecer dos problemas e tal, ele só não me diz como eu faço isso! Afinal, resolvi que para não piorar o meu dia, deveria voltar para a cama e aturar o mau gosto musical da vizinha.

Moral da história que nem história é: A vida é feita de escolhas, escolher entre o melhor do pior!




 Fala Sério, né?



RaquelCasteloBrum

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Apetecia-me...

Hoje apetecia-me descansar este pesado cérebro que meu corpo se vê fadado a carregar, próximo a borda duma piscina despretensiosa, com aquela meia luz aquecendo-me os nervos e um copo bem sugestivo e suculento de alguma bebida deliciosamente alcoólica de abacaxi. Também gostava que os meus problemas tivessem um pouco de amor próprio, fizessem suas malas e me deixassem em paz... Ah, não, eu não estou delirando, estou só vislumbrando o paraíso que deve ser não ter que fazer absolutamente nada e desfrutar despudoradamente, sem culpa nem tédio deste ócio de aproveitar a natureza modificada in situ... Mas, mamãe insiste em descarregar suas frustrações em mim e diz que eu tenho que DAR CERTO na vida, se é que não há uma maldadezinha nisso.. Bem, a verdade é que mamãe não aguenta mais me ver pensando na vida, mas se ela soubesse o quanto pensar me fadiga.... Eu quero mesmo é não ter mais que pensar tanto...




Fala sério, né?






RaquelCasteloBrum

Um Dia Fui Menina

Jamais pagarás
a vida que me roubaste
mas a minha raiva
não é consequência
de contigo haver vivido
a minha raiva é latência fúnebre
de na tua cama ter morrido

RaquelCasteloBrum

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Acuso-te, o sujeito indefinido em género e número!

Não há,em ti,
nada d´original
és a cópia que tudo copia
infeliz rato d´enciclopédia
almejas ser anjo
e és
caído
pardo, leque,
abre,fecha,fecha,abre
tons de cinza
qual é a tua cor?
imitas a cidade
os anjos e os acidentes?
toma cuidado com a tua bicicleta!
a roda...
a roda...
a invenção das invenções
sempre foste guiado
conduzido
será que estás disposto
a aprender?
sabes pedalar?
pedal
ar
a roda...
a roda...
toma cuidado com ela
a invenção
pode salvar-te
sê original
inventa
a cópia
a perfeita
o fogo
nasceu da pedra
invenção rotativa
roda,roda,roda viva,
o copia cópias
não vive
é falsário
da corrente e dos pés
ilude as mãos
sem travões

a queda?
quem vive na cave
pode baixar-se mais?


RaquelCasteloBrum

Não sou tua,sou nua

se de frio, o mais gélido d´arrepio,
eu me vestisse, tu morrerias à porta
d´enfeite enganador como cinzas rodopiando
no longo glaciar siberiano
mas sou alma temperada em corpo fervente
sou o inverso do teu chapéu de três pontas
és maschera nobile de rastos nas alas palacianas
és desfile d´Os Antigos e d´Os Ardentes
a transbordar nas ruas venezianas
morres no festejo
da mentira com que não me enganas

RaquelCasteloBrum

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Balada do escreve(perdão, Augusto Gil!)

escreve

escreve

neve

neve

escreve

pesado

pesado

errado

errado

pesado

já pesaste hoje

a neve que escreve?

quanto pesa o errado?

é leve como a balada

errada?

é neve como a tua alma gelada?

vá lá... calibra o fiel

equilibra os pratos

se a justiça fosse justa

se a dama com os olhos vendados

fosse equilibrada

o teu pesado

malvado

seria condenado

à neve

que escreve


RaquelCasteloBrum

Sub-solo

miro de soslaio a cama

lençóis que eu lancei no fogo

queimados na noite das bruxas

assassinam-me os sonhos

assaltam-me o descanso

possuem-me nesta permanente vigília

tenho nojo desta minha raiz

que acolheu o teu caule

quando o sono beijar as minhas chagas

erguer-te-ei uma cave de delírios

para que jamais sossegues

para que encontres

a esquina de todas as outras

espetada na volúpia dos dentes

que de ti se riem

em câmara ardente


RaquelCasteloBrum